O câncer de mama corresponde à patologia que mais mata mulheres no Brasil, e a mamografia é o método de escolha para o rastreio desta doença. No entanto, alguns mitos têm sido divulgados sem base científica, entre eles, a indução de cânceres pelo uso da mamografia. Ao analisarmos estudos científicos adequados, observamos que o risco de desenvolvimento do câncer de mama decorrente da exposição à radiação durante a mamografia é desprezível. No estudo de Gelder e colaboradores, em 2011 (1), observa-se que o rastreamento mamográfico evita 1.121 mortes a cada 100.000 mulheres submetidas ao mesmo, enquanto pode induzir apenas 1.
O risco de induzir cânceres em outros locais devidos à radiação durante a mamografia também é desprezível. A dose recebida na tireoide, por exemplo, é menor que 1% da dose recebida pela mama, ou seja, o risco de carcinoma de tireoide induzido pelo rastreamento anual é de 1 caso em 17 milhões de mulheres rastreadas. Isto e os efeitos da radiação do rastreamento mamográfico são demonstrados no estudo de Sechopoulos e colaboradores (2). Por este motivo, não há recomendação para o uso de protetores plumbíferos durante o exame mamográfico. ( 5)
As mesmas observações foram descritas pela Associação Americana de Tireoide (American Thyroid Association) em texto publicado em Junho de 2012:
“Até o momento, não há estudos epidemiológicos relatando investigação de uma associação entre o uso da mamografia e um risco aumentado de câncer de tireoide. Dada a pequena dose de radiação para a tireoide resultante de mamografias, é improvável que um estudo grande o suficiente fosse realizado para confirmar ou excluir uma associação entre mamografia e câncer de tireoide. Além disso, a dose de radiação é tão pequena, que seria extremamente difícil de separar esta de outras fontes de radiação exposição à tireoide.
Desconhece-se se a mamografia representa um risco para o câncer de tireoide. No entanto, se de fato existe um risco, este é extremamente baixo, muito menor do que o benefício da mamografia. No que diz respeito à relação risco/benefício para usar um protetor de tireoide durante a mamografia, uma declaração do Colégio Americano de Radiologia (American College of Radiology) e da Sociedade de Imaginologia Mamária (Society of Breast Imaging) indica que um protetor de tireoide pode reduzir a qualidade do imagens de mamografia e resultar em “artefatos” (4). Não existem dados apresentados para fundamentar ou quantificar esta preocupação. No entanto, dada a pequena dose para a tireoide, mesmo se o colar reduzisse ainda mais este risco, a possibilidade de um falso positivo (incluindo, mas não limitado, a possível necessidade de repetir o exame, ansiedade, e testes desnecessários adicionais, como biópsias) superariam os benefícios. Diretrizes e declarações de organizações profissionais e órgãos reguladores numa declaração conjunta do Colégio Americano de Radiologia e da Sociedade de Imaginologia Mamária concluiu que “… o uso de um protetor de tireoide durante a mamografia não é recomendado “(4).
Conclusões da ATA (American Thyroid Association): “Os dados disponíveis neste momento não suportam o uso rotineiro de protetor de tireoide para mamografia”.
1) Gelder R, Draisma G, Heijnsdijk EAM, et al. Population-based mammography screening below age 50: balancing radiation-induced vs prevented breast câncer deaths. British J Cancer 2011; 104: 1214-1220;
2) Sechopoulos I, Suryanarayanan S, Vedantham S, et al. Radiation Dose to Organs and Tissues from Mammography: Monte Carlo and Phantom study. Radiologia 2008: 246: 434-443.
3) Policy Statement on Thyroid Shielding During Diagnostic Medical and Dental Radiology American Thyroid Association June 2012 – Pág.7
4) American College of Radiology and Society of Breast Imaging. “ The ACR and Society of Breast Imaging Statement on Radiation received to the Thyroid from mammography” (2011)
http://www.acr.org/~/media/ACR/Documents/PDF/QualitySafety/Resources/Breast%20Imaging/ThyroidStatement.pdf
5) Fonte: www.cbr.org.br – Mamografia e câncer de mama
Dra. Linei Augusta Brolini Delle Urban, coordenadora da Comissão Nacional de Qualidade em Mamografia do CBR
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