Com a palavra… Dra. Mayara Nascimento, dermatologista do CEPEM

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Com a chegada do Verão, o mês de dezembro é dedicado à Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer da Pele. Esse tipo da doença é o mais incidente no Brasil, com cerca de 170 mil novos casos ao ano. A Dra. Mayara Nascimento, dermatologista do CEPEM, esclarece mais sobre o tema.
 
1) Como se manifesta o câncer de pele?

O câncer de pele é o mais prevalente no mundo, afetando igualmente homens e mulheres. Existem três tipos da doença:

Carcinoma basocelular (CBC): o mais prevalente dentre todos os tipos. O CBC surge nas células basais, que se encontram na camada mais profunda da epiderme.

Carcinoma espinocelular (CEC): segundo mais prevalente, manifesta-se nas células escamosas, que constituem a maior parte das camadas superiores da pele.

Melanoma: menos frequente, porém mais perigoso. Ele representa somente 5% dos casos de câncer de pele. Ele se manifesta como uma mancha assintomática – semelhante a uma pinta ou um sinal -, que pode surgir em qualquer área do corpo. Pode ser uma mancha antiga, que vai mudando de aparência (ficando assimétrica, com diferente coloração e relevo), ou pode surgir como uma nova pinta.
 
2) Existe um grupo de risco para o câncer de pele?

Hoje em dia, categorizamos cada vez menos um grupo de risco porque já se sabe que o câncer de pele pode atingir qualquer pessoa independente da tonalidade de pele. Entretanto, são mais propensos os indivíduos brancos, com cabelos claros e ruivos e que apresentam sardas (efélides). Também é preciso estar atento para pacientes idosos (que possuem mais tempo de exposição solar) e quem tem histórico familiar da doença.

Adultos que moram em locais ensolarados por mais de 15 anos têm uma chance quatro vezes maior de desenvolver o câncer de pele. O que é um sinal de alerta para todos os brasileiros, principalmente os que vivem em cidades litorâneas como o Rio de Janeiro.

Também fazem parte do grupo de risco pessoas que tenham tido casos de queimaduras solares intensas durante a vida. Muitos acreditam que a pessoa que se expõe com mais frequência ao sol (com proteção) tem mais tendência a desenvolver o câncer de pele, mas, na verdade, é o contrário. As chances são maiores para aqueles que se expõe esporadicamente, de forma direta e sem proteção, apresentando queimaduras intensas.
 
3) Toda pinta/sinal pode evoluir para um câncer? Para o que devemos ficar atentos?

Sim. Não só pinta ou sinal, mas também queimadura solar ou queimadura normal (dependendo do tipo da cicatriz). Para uma análise dessas marcas, indicamos a Regra ABCD.

A – Assimetria;
B – Bordas irregulares;
C – Cor (dois tons ou mais);
D – Diâmetro (sinais maiores que 6 mm).

Antigamente, tínhamos muita preocupação em olhar a pinta que mudou e evoluiu. Hoje em dia, sabemos que a maioria dos casos de câncer de pele está relacionada a uma pinta nova. Por isso, o acompanhamento junto ao dermatologista é fundamental. Porque para uma pessoa que tem muitos sinais, é difícil saber qual é novo. Já aqueles que não costumam apresentar manchas, qualquer surgimento de pinta requer atenção.

4) Depois de diagnosticado, como deve ser o tratamento? Quais são as chances de cura?

O dermatologista vai analisar as pintas por meio do dermatoscópio (uma espécie de lupa que aumenta em 10x o tamanho do sinal para a sua visualização). A partir disso, o profissional vai identificar a lesão suspeita e, para confirmar o diagnóstico, vai realizar uma biópsia para ser enviada para análise de um patologista. Após a confirmação de câncer de pele, é feita uma cirurgia para retirar um pedaço maior da pele ao redor desse sinal. A chance de cura é de praticamente 100% quando diagnosticado ainda no início. O tratamento se diferencia apenas em casos mais avançados de melanoma.
 
5) Existe uma forma de prevenção?

Sim. Como o câncer de pele está muito relacionado à radiação solar (UVA e UVB), a principal prevenção é feita com o uso diário do filtro solar – com fator de proteção solar (FPS) igual ou maior que 50.
 
6) De quanto em quanto tempo devemos fazer uma análise das pintas?

Para pacientes normais, o acompanhamento deve ser feito uma vez ao ano. Aqueles que já tiveram câncer de pele ou têm histórico familiar devem fazer uma avaliação a cada seis meses.
 
7) Quais são os cuidados em relação à exposição solar?

– Uso do filtro solar – com FPS igual ou maior que 50 – sempre que houver exposição solar direta ou indireta;
– Em casos de exposição direta (praia, piscina…), o produto deve ser reaplicado a cada duas horas ou após cada mergulho;
– O filtro deve ser aplicado 30 minutos antes de sair de casa para que comece o processo de ativação;
– Sempre que possível, utilize também barreiras físicas como chapéu, guarda-sol e roupas feitas com tecidos que possuem FPS (muito indicadas para atletas que praticam esportes ao ar livre);
– Evite a exposição em horário de maior incidência dos raios solares: entre 10h e 16h;
– Escolha o filtro solar mais adequado para o seu tipo de pele. Há versões para pele oleosa, pele sensível, etc. O filtro solar oral é uma opção para pessoas com cuidados específicos;
– Em caso de queimaduras solares intensas, procure o dermatologista. Não estoure bolhas e nem descasque a pele. Em alguns casos, é necessário o uso de medicamentos e formulações calmantes indicadas pelo especialista.

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