Além de encontrar programas bacanas para entreter os filhos, outra preocupação toma conta dos pais durante as férias de julho/agosto: o ganho de peso nas crianças. Entre os principais motivos estão o aumento do apetite provocado pelo clima frio, o alto consumo de alimentos industrializados e a redução das atividades físicas. Esses fatores corroboram para um cenário nacional preocupante. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 33,5% das crianças entre 5 e 9 anos estão acima do peso e 14,3% em situação de obesidade.
Confira abaixo uma entrevista com a endocrinologista Dra. Christiane Carvão sobre o tema:
1) Quando podemos classificar que uma criança está obesa?
Uma criança encontra-se obesa quando ela está acima do peso ideal para a idade e para o sexo. É feita uma avaliação do Índice de Massa Corporal (IMC). Isso é realizado, normalmente, pelo pediatra ou pelo clínico geral, que possui essas tabelas de acordo com a idade e com o sexo.
2) Qual é a principal causa da obesidade infantil?
Diversas podem ser as causas da obesidade infantil. Entre as mais comuns estão fatores genéticos, má alimentação, sedentarismo ou a combinação de todos estes.
A obesidade infantil tem uma ligação direta com os hábitos alimentares da criança e de sua família. E isso pode prejudicar a saúde total dessa criança, que fica mais propensa a ter asma, apneia do sono, diabetes do tipo 2, hipertensão, colesterol alto, problemas no fígado, ossos e articulações e, ainda, problemas psicológicos relacionados à baixa autoestima.
3) De maneira geral, como deve ser a alimentação da criança? O que não pode faltar e o que deve ser evitado ao máximo?
A alimentação da criança deve ser balanceada e composta pelos três macronutrientes principais: carboidratos, proteínas e lipídeos. Sais minerais e vitaminas também devem fazer parte.
Essa alimentação deve incluir frutas, verduras, legumes, carnes magras, leites e seus derivados. Se a família tiver condição, sem agrotóxicos.
Devem ser evitados alimentos processados, embutidos, enlatados, ricos em gordura e ricos em açúcar. Dar sempre preferência aos carboidratos complexos – que são os integrais – ao invés de consumir carboidratos refinados, como pão francês ou qualquer alimento rico em farinha de trigo. Evitar doces e sorvetes, pois têm gorduras trans, além de refrigerantes e fast food.
O melhor lugar para a família abastecer a geladeira é na feira, onde você vai encontrar frutas, verduras e legumes!
4) Qual a relação entre a alimentação dos pais e a alimentação da criança?
A criança aprende observando o que acontece dentro de sua casa. Os pais são responsáveis diretamente por esse exemplo e, consequentemente, pela saúde de seus filhos. Os pais precisam dar o exemplo, precisam ter uma boa alimentação para poder passar um cardápio saudável para os filhos. Não devem levar para dentro de casa alimentos que prejudicam a saúde da criança, que são os alimentos ditos anteriormente (processados, embutidos…).
5) Uma criança obesa corre o risco de ser um adulto obeso? Explique.
O risco principal é o aparecimento de doenças crônicas como diabetes e hipertensão, que podem matar precocemente no período de grande produtividade na fase adulta. Adolescentes obesos têm 89% de chances de serem adultos obesos.
6) Qual devem ser a principais medidas para evitar o ganho de peso na infância?
Adquirir uma boa alimentação por meio de uma reeducação alimentar. Consumir frutas, verduras, cereais integrais, carnes magras, leite e derivados. Evitar alimentos processados e ultraprocessados, além da ingestão em excesso de açúcar branco e de gorduras trans.
É importante incentivar a prática de atividades físicas, evitando o sedentarismo. Os pais devem estabelecer horários para as crianças ficarem no computador/com jogos eletrônicos porque isso também faz com que ela fique sedentária. Obedecer, no mínimo, entre 7 a 8 horas de sono.
Esses são os pilares: alimentação correta e atividade física. E alertar sempre que a educação alimentar começa com os pais!